quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Independência ou morte? Parte 1

Bom, passei a semana passada todinha pensando no que postar neste blog em relação ao dia 7 de setembro, dia da "independência" do Brasil. Mas não pude postar nada na data exata porque acabei viajando no feriado e a inspiração só surgiu hoje. Mas, como essa é a "semana da pátria", a postagem não fica assim tão desatualizada.
Pensei em muitas coisas que poderiam ilustrar esse sentimento de patriotismo que o brasileiro geralmente só sente em situações bem distintas e, creio eu, que estes momentos sejam, entre outros, esses 3 que irei falar hoje: a Copa do Mundo, a Petrobras e os Jogos Olímpicos. Irei falar sobre cada um separadamente e não adianto sobre o que para não estragar as surpresas. Leia abaixo:

Copa do Mundo - futebol brasileiro de 2010 a 2014. Só?

Com a confirmação, alguns meses atrás, de que a copa de 2014 será realizada no Brasil, a mídia tentou colocar em prática a velha máxima da união do povo brasileiro em torno do futebol, fato que sempre é recorrido quando se fala em copa do mundo e no futebol brasileiro, representado pela seleção pentacampeã mundial. Mas o que se vê, na prática, é a FIFA extremamente preocupada e, por enquanto, alguns cidadãos extremamente preocupados com o destino que irão tomar as verbas (públicas em sua maioria) que serão destinadas à construção dos estádios e outras obras de infra-estrutura que deverão compor os projetos das cidades sede da copa de 2014.
Nessa semana mesmo, um dos encarregados internacionais de gerir as relações FIFA-CBF reclamou do atraso (para não dizer inexistência) das obras, além de tecer graves críticas ao projeto do estado de São Paulo para a reforma do estádio do Morumbi.
O que se percebe nitidamente é que, acima do "patriotismo", do "orgulho de ser brasileiro", deve prevalecer a razão na análise da situação do Brasil como país sede da copa de 2014. E isso por um fato muito simples: como a maioria dos projetos brasileiros, tudo no papel é maravilhoso, porém, na prática, a coisa é muito diferente.
Algumas cidades escolheram construir novos estádios, um desafio muito complexo, somente por ser a idealização de algo novo para cidades tão inchadas de pessoas e veículos, além de não oferecerem condições mínimas de vida à maior parte de sua população. Desse modo, como fazer enão a construção de estádios e, ao mesmo tempo, melhorar as condições de vida da população dessas cidades? Esse será, sem dúvida, o maior desafio dessas cidades que optaram por esse caminho.
Algumas delas, porém, já começaram tomando o rumo errado do caminho, como Recife, que na verdade transferiu o projeto para a cidade de Abreu e Lima, na região metropolitana, por não haver espaço suficiente na cidade do Recife para a construção da chamada "Cidade da Copa". A promessa é a de construção, junto ao estádio, de uma linha férrea, para ligar a capital pernambucana ao local dos jogos, além da montagem de uma infra-estrutura necessária ao divertimento dos torcedores (que não serão necessariamente todos os moradores da cidade) e à melhoria da qualidade de vida da população que mora no entorno da "Cidade".
Porém o que se vê, além desse lindo projeto é, na prática, que o local escolhido para a obra não passa ainda de um grande matagal, onde também moram algumas pessoas humildes que não estão incluídas nos projetos governamentais. Estas devem ficar literalmente sem teto, quando as obras começarem um dia, já que não há nem prazo exato para o início das obras. A população que mora no local nem sabe o que fazer quando o despejo se tornar realidade, pois o projeto prioriza a beleza das formas modernas de uma verdadeira "cidade da copa", mas no projeto esqueceram que, para formar uma cidade, é necessário que existam os "moradores" dela.
Já no caso das cidades que optaram por fazer reformas em seus estádios, a cidade de São Paulo é a que sofre com as maiores críticas em relação ao seu projeto. Além de ser um projeto voltado para um estádio particular, o que impedirá que tantos recursos públicos sejam injetados por lá, a própria concepção do projeto vai de encontro às pretensões da FIFA, que gostaria que as principais sedes da Copa oferecessem inovações em seus projetos, como um novo estádio, por exemplo.
Além disso, o projeto do Morumbi já foi publicamente reprovado, nesses últimos dias, por não oferecer espaço de estacionamento, como também por não oferecer uma estrutura para os patrocinadores nem para as emissoras que irão cobrir o evento. A FIFA tem, por repetidas vezes, dito que é necessário que o projeto seja refeito, num claro sinal de descompasso entre o que o estado de São Paulo pensa em fazer em relação ao que a FIFA acredita que seria possível o estado de São Paulo fazer, já que lá é onde se concentra o maior centro econômico e financeiro do país.
Por esses dois exemplos pode-se perceber o que acontece no caso da organização do Brasil para a copa de 2014. São projetos faraônicos, com poucas chances de sucesso se não forem realizados com pretensões de longo prazo. Caso as obras não comecem logo, as capitais escolhidas como sede correrão o risco de repetir o que aconteceu em 2007, nos jogos Panamericanos, quando o Rio de Janeiro quase não entregou a maior parte das obras no prazo. E não é só isso.
O planejamento de uma Copa do Mundo não pode levar somente em consideração a construção de estádios modernos e luxuosos. Terá que haver também a previsão de impactos sociais, positivos e negativos, que essas obras podem trazer à sociedade, o que não tem sido visto e, pelo jeito, nem será visto tão cedo aqui no país.
Se as coisas continuarem assim, sem um planejamento para o que venha a acontecer após 2014, a Copa do Mundo somente servirá para enriquecer ainda mais o "dono" da CBF, Ricardo Teixeira e aqueles que consigam, por meio de sua amizade com o presidente da entidade, o direito de participar da divisão dos lucros bilionários que esse evento trará para o país. O risco será, portanto, de que a "independência", nesse caso, seja apenas conquistada por Ricardo Teixeira e seus amigos e companheiros de "jornada".

Na próxima postagem, acredito que amanhã, falarei sobre a reedição do slogan "O petróleo é nosso", trazida pela questão do pré-sal.
Boa tarde a todos.




Nenhum comentário:

Postar um comentário