quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A que ponto chegou o nosso Senado?


Essa foto foi tirada durante o discurso de ontem do Senador Eduardo Suplicy. Neste discurso, o senador pediu mais uma vez que o presidente José Sarney se afastasse do cargo, em virtude das constantes denúncias que relacionam a contratação de parentes e afins de Sarney por meio de atos secretos.
A alusão ao cartão vermelho foi, segundo Suplicy, uma forma de exprimir o sentimento da opinião pública contra o clima de impunidade no Senado, já que todas as representações contra Sarney foram arquivadas no Conselho de Ética, sendo plenamente "abençoadas" pelo PT de Mercadante, Suplicy e cia.
O que estranha é o seguinte: até o ocorrido na semana passada, mais uma "pizza" lá em Brasília, o senador Suplicy praticamente não se manifestava na tribuna da Casa com tanta veemência contra Sarney. Daquele dia para cá, e principalmente desde segunda-feira, o senador Suplicy resolveu fazer duras críticas a José Sarney. O que será que aconteceu? Será que só agora Suplicy resolveu se manifestar, para demonstrar que não compactuou com os então 12 senadores do PT para apoiar o arquivamento das representações? Se foi isso, então porque ele não se manifestou desde a semana passada dessa forma? A pergunta que não quer calar é: por que só agora essa raiva toda contra Sarney? Não que ela não se justifique, mas soa no mínimo estranho essa mudança repentina de comportamento.
Bom, mas o que aconteceu nesse caso demonstra a que ponto chegou a crise no Senado. Depois da volta da censura e da defesa de uma lei de imprensa em nome do direito de resposta, defendidas em plenário por José Sarney, quando a própria Constituição já garante esse direito e depois da atuação quase perfeita da "tropa de choque" no abafa no Conselho de Ética, agora até se vê um cartão vermelho aparecendo na tribuna do Senado, como forma de expressão do sentimento da "opinião pública". Sendo assim, imagino então que a resposta dos senadores da "tropa de choque" seja levantar a bandeirinha, para mostrar o impedimento de senadores como Suplicy de levantar qualquer possibilidade de saída de Sarney do seu cargo.
Mas, o que a opinião pública realmente quer ver e, tenho certeza disso, não é a demonstração da sua indignação no Senado por meio de alegorias, como essa mostrada na foto acima. Mais do que palavras, que foram nesse caso jogadas ao vento, porque o Senador Sarney estava ausente à sessão, por motivos "de força inadiável", o que todos queremos ver são ações.
Cabe, então, aos senadores, mobilizar todos aqueles que não querem ver José Sarney terminando de acabar com o que resta de reputação da Casa para que se busque uma solução definitiva para a crise, que passa, com certeza, pela saída de Sarney do cargo. O que é muito difícil, já que a maioria dos senadores tem o "rabo preso" com os senadores da "tropa de choque", o que praticamente inviabiliza qualquer forma de reação aos desmandos de Sarney, que contam com as bençãos e constantes afagos de Lula.
A nós, eleitores, cabe, além de fiscalizar e não nos contentarmos com a situação atual, criar a consciência de que para se mudar esse país não se deve somente escolher um presidente com boas ideias mas, principalmente a partir do ano que vem, teremos que renovar o Congresso Nacional, elegendo deputados e senadores mais compromissados com o país e com a democracia. Como fazer isso, você pode me perguntar. E eu respondo: não sei. Mas se começarmos por não votar naqueles que lá estão hoje, já será um bom início de mudança. O resto será consequência desse processo.
Boa noite a todos!

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