sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Impressões de 12 dias em Garanhuns - 2ª parte

Bom, passada a semana, muita coisa aconteceu nesse país que nos deixa cada vez mais indignados. E isso me fez lembrar uma boa que soube ainda em Garanhuns, sobre o senador Fernando Collor, que não bastasse fazer parte da tropa de choque de Sarney, que se deu muito bem em arquivar as representações contra o presidente do Senado, ainda pensa em fazer parte da Academia Alagoana de Letras.
Agora, diante dessa possibilidade, que deve ser encarada quase como um fato, me vem à cabeça quais devem ser as obras que Collor já publicou. Ou será que "elle" será premiado com essa cadeira na Academia por alguma obra que ainda irá criar, como, por exemplo, a reedição da "Elite da Tropa", livro que originou o sucesso de bilheterias "Tropa de Elite", mas agora numa versão mais polida, cheia de engravatados no lugar de favelados que dizem, no lugar de "Dadinho é o caralho, agora meu nome é Zé Pequeno", "Vossa Excelência engula e degluta todas as palavras que disse, pois está diante de um ex-presidente"? Talvez seja por esse "conjunto da obra" que "elle" consiga ingressar na Academia.

Bom, mas falando do assunto que quero relatar nessas linhas, continuarei a falar sobre as impressões trazidas de Garanhuns nesses 12 dias de viagem. O assunto de hoje toca em dois temas importantes para a cidade e a região do agreste meridional de Pernambuco, pois falam da economia e do desenvolvimento de Garanhuns. Com isso, separei 3 assuntos que foram destaque por esses dias lá na minha terra natal: a polêmica do depósito da coca-cola, a recente visita do prefeito de Garanhuns a Brasília e a construção da unidade do CEFET em Garanhuns.

A polêmica do depósito da coca-cola

Um assunto que estava bastante polêmico por lá em Garanhuns por esses dias foi a questão do fechamento do depósito da coca-cola, que foi na verdade um desdobramento do fechamento, há anos atrás, da fábrica da empresa, o que gerou desemprego e diminuiu o ritmo de desenvolvimento da região.
O que acontece agora é que até o depósito corre risco de ser fechado, afim de atender ao projeto de adaptação da empresa à nova realidade no estado de Pernambuco, já que as atividades das grandes indústrias está sendo deslocada para as proximidades do porto de Suape. Com isso, deve ganhar ainda mais importância a fábrica localizada em Jaboatão dos Guararapes.
O problema está na absoluta falta de informação dos funcionários e da própria população e da classe política da região, que literalmente não sabe o que fazer diante dessa realidade. A versão oficial da coca-cola explica que o que está ocorrendo em Garanhuns, em verdade, é um processo de "redimensionamento" da empresa (leia-se demissão de funcionários) para uma reestruturação e modernização do depósito. Isso é o que foi divulgado para a prefeitura, que até bem pouco tempo atrás acreditava piamente que era isso o que ocorria.
Mas a realidade das conversas nas ruas relatava exatamente o contrário. Foi aí então que um conceituado programa de rádio da cidade, apresentado pelo radialista Marcos Cardoso resolveu perguntar ao secretário municipal de desenvolvimento sobre em que pé andavam as conversas com a empresa. Foi então que, em mais uma "bola-fora" da administração municipal, o secretário disse que só sabia da situação real porque outro radialista havia falado a ele que conseguiu obter a informação de que a coca-cola pretendia fechar o depósito de Garanhuns, por conta da crise e da expansão da fábrica de Jaboatão, e que as atividades do depósito seriam centralizadas no que já existe em Caruaru.
Até o momento do retorno a Maceió, nenhuma novidade sobre o assunto havia surgido, mas a tendência era mesmo a de fechamento do depósito, sem que não houvesse, por parte da prefeitura, sequer a obtenção de informações oficiais colhidas junto à empresa.
Assim como aconteceu quando a fábrica foi embora, em meados dos anos 90, sob o argumento de que a prefeitura iria contaminar o lençol freático que servia água mineral à produção da fábrica com a construção da estação de tratamento de esgoto nas proximidades da fábrica, fato que fora desmentido por laudos técnicos da Compesa à época, hoje o depósito da fábrica deve ir embora pelos mesmos motivos reais pelos quais a fábrica já foi: pelo vencimento do prazo de isenção fiscal. Assim, Garanhuns continua a ter apenas duas grandes indústrias, a Unilever e a Parmalat, todas desfrutando de sua sagrada isenção fiscal. Até quando permanecem por lá? É só procurar saber quando se vencerão os prazos de isenção fiscal delas.

Visita do prefeito Luis Carlos a Brasília

Outro fato que repercutiu bastante no fim de julho lá em Garanhuns foram os resultados da visita do prefeito Luis Carlos a Brasília, com o interesse de conversar com os ministros do governo Lula para buscar recursos para o município.
O que aconteceu por lá foi que o prefeito deu de cara com a triste realidade para os políticos que gostam de sonegar verbas do Governo Federal: ele soube que a torneira da liberação de recursos federais está fechada a quem não apresenta projetos bem elaborados com a utilização de meios ao menos primários de fiscalização das verbas destinadas aos investimentos públicos.
Como o prefeito foi a Brasília só com a cara e a coragem (ou a falta dela), sem levar nenhum projeto para apresentar aos ministros, voltou a Garanhuns com os bolsos vazios. E pior: voltou sabendo que, se não conseguir preparar projetos ao menos razoáveis até o final do ano, provavelmente as verbas que seriam destinadas aos investimentos em turismo na cidade, da ordem de aproximadamente 5 milhões de reais, serão redistribuídas para outras cidades, privando Garanhuns de usufruir desses recursos.
O que isso mostra simplesmente é o resultado da eleição de um político despreparado para comandar uma cidade aliado a secretários ainda mais despreparados para exercer suas funções. Cada vez o prefeito de uma cidade deixa de ser apenas um populista destinado a apenas assinar o que os outros fazem por ele para se tornar um homem (ou mulher, para não ser machista) que possa ter a capacidade de pensar e de se unir a pessoas que tenham iniciativa para seguir as metas cada vez mais rígidas do Executivo federal no sentido de impedir a distribuição de verbas a qualquer custo. Daí a referência às torneiras fechadas.
Pelo jeito, Garanhuns ainda vai sofrer mais 3 anos de atraso com esse prefeito reeleito no poder. É uma pena ver todo o potencial que Garanhuns tem sendo desperdiçado, por conta de uma classe política inoperante, que pensa apenas que política se resume a compra de votos na eleição. E aqui não me refiro somente ao prefeito não. A responsabilidade é de todos que fazem política hoje em Garanhuns. É ao deputado estadual eleito, em sua maioria, pelo povo de Garanhuns. É àqueles que permitiram que um político cheio de denúncias por desvio de dinheiro público, vindo de outra cidade, tentasse ser prefeito em Garanhuns. E àquele prefeito exemplar de nossa cidade, que por questões de covardia política, não quis concorrer à prefeitura no ano passado, para não comprometer a reeleição do atual prefeito.
É por essas e outras que de vez em quando me pergunto: resultou em que aquela mobilização toda em Garanhuns em 96 para tirar Ivo Amaral e José Tinoco do poder, se hoje a situação é praticamente a mesma, só mudando os nomes dos que hoje lá estão? A política mostra-se cada vez mais como um fenômeno cíclico. Só espero que esse ciclo acabe em 2012. Deus queira!

Construção do CEFET em Garanhuns

Em a más notícias, uma boa notícia. As obras de construção da unidade do CEFET de Garanhuns já começaram e têm previsão de conclusão para o final do ano de 2010. O local escolhido foi às margens da PE-177, que liga Garanhuns a Palmares e dá acesso à BR-104, que leva a Maceió. Fica no terreno onde existia, anos atrás, a fábrica de doces CID, entre os bairros da Vila do Quartel e do Indiano. Com isso, o ensino público em Garanhuns praticamente fechará a sua estrutura com a conclusão do CEFET, pois já existe uma unidade da UFRPE, ainda em expansão, a unidade da UPE, formação de professores, além do CEFET, num futuro próximo.
Boa notícia para os estudantes da região, que não terão mais que se deslocar até Belo Jardim, Palmeira dos Índios ou até Maceió ou Recife para buscar um ensino técnico de qualidade e gratuito.
Para fechar, só faltou a unidade da UFPE, mas essa os nossos ilustres políticos deixaram passar a oportunidade que foi desejada até mesmo pelo presidente Lula. Assim, a unidade foi para Caruaru. Restou aos garanhuenses continuar pagando para estudar na AESGA, municipal e continuar acreditando que, um dia, a FAMEG possa ser reconhecida pelo MEC o que, nas condições atuais será muito difícil, como já falamos em outra postagem anterior.

Bom, na última parte dessas impressões, falarei do racionamento de água e da minha visita ao Cristo do Magano, o ponto mais alto da cidade.
Boa tarde e bom fim de semana a todos!

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