sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Resumo da semana cívica

Bom, pensei em tantas coisas para escrever por essa semana e acabei escolhendo esse tema, não porque o prefiro, mas porque pensei que seria necessária uma reflexão sobre esse sentimento de patriotismo que está incutido na ideia das datas referentes a momentos importantes do nosso país. Até pelo fato de que esta semana foi bem ilustrativa para se refletir sobre a importância dessas datas. Logo no domingo, veio o dia 15, dia da proclamação da república. Ontem, dia 19, foi o dia da bandeira e hoje, 20, foi o dia da consciência negra, feriado em algumas cidades do país, data que relembra a morte do líder negro Zumbi, do Quilombo dos Palmares.
Não tenho nada contra a comemoração das datas, mas o que penso é que, cada vez mais, o povo brasileiro se esquece da importância e do simbolismo que esses dias representam para o nosso país. Na verdade, não sei se isso é um fato positivo ou negativo. Mas, pode-se entender esse aparente esquecimento e desvalorização das datas por meio daquelas duas facetas.
Para aqueles que defendem o lado positivo desse fenômeno, pode-se considerar que isso seja uma forma de superação e de independência da população em relação às imposições de valorização dessas datas, ainda vindas das épocas das ditaduras e da democracia frágil que imperaram em nosso país até 1988.
Dessa forma, como se esperar que se comemore, por exemplo, o dia 15 de novembro, data em que se substituiu um regime de monarquia, centralizador, por outro regime não menos pior, em que se depôs um imperador para que os marechais e demais militares de alta patente assumissem o poder? Ou no dia 19, como comemorar uma data em que apenas esses "republicanos" escolheram um dia para comemorar um mero símbolo da república? Ou mesmo o dia 20, dia da consciência negra, como se pode comemorar uma data dessas, se a desigualdade entre negros e brancos continua em todos os setores da sociedade e que, segundo dados oficiais, essa desigualdade só tem chances de diminuir após o ano de 2020?
Por trás desse certo aspecto "positivo" e "politizado" de admissão do esquecimento e da desvalorização dessas datas não estaria implícito um certo grau de negativismo e de negação da nossa própria história, por mais não politicamente correta que possa parecer? Como também pode-se considerar que a desvalorização venha, ao contrário, influenciada pela crescente diminuição da qualidade do nosso sistema educacional, que superestima tanto o vestibular e o ENEM e esquece da formação humanística dos nossos estudantes, tanto no ensino particular quanto no ensino público?
Partindo desse ponto, pode-se ver a percepção negativa desse esquecimento e desvalorização das datas comemorativas do nosso país. O que vale, para muitos, hoje, é o fato de que tenhamos feriados e dias "imprensados", mas muitas vezes nem sabemos o motivo pelo qual o dia está sendo imprensado. Nesse nosso dia-a-dia tão estressante, se não tivermos acesso em nossas agendas e calendários dos dias mais importantes e dos motivos pelos quais esses dias se tornaram importantes, nós não nos lembramos mais da importância desses dias. E nessa vida tão agitada e corrida, somente nos lembramos do civismo e do patriotismo quando "a pátria de chuteiras entra em campo". Aí nós somos uma só voz, cantamos juntos e lembramos de valorizar nosso hino (que pouca gente sabe cantar) e nossa bandeira (que poucos sabem o que as suas formas geométricas e os dizeres "ordem e progresso" representam).
Sinceramente não sei onde nós erramos, ou se isso é mesmo um erro. Afinal, é muito difícil adotar uma posição definitiva sobre isso. Penso que devemos apenas refletir sobre a real importância dessas datas para nós, povo brasileiro, mais do que isso importe em mero civismo ou sentimento de nacionalismo e patriotismo, que de certa forma nem é bom que incentivemos em demasia, pois esses sentimentos exacerbados já levaram muitos outros países a cometerem absurdos, como já tivemos notícias de tantas guerras que já mataram e ainda matam tantos de nossos irmãos por todo o mundo.
Concluindo, como escrevi no início, não sou contra essas datas, muito pelo contrário. O que defendo aqui é que, se essas datas existem, que devam ter seu sentido devidamente conhecido por parte de seu povo e que, assim, possamos, com o passar dos anos, aprender a adotar, talvez, um sentimento coletivo de civismo, longe daquele sentimento forçado dos regimes ditatoriais, como também distante dos preconceitos e intolerâncias de sentimentos de pureza que podem estar por trás de tantas apologias ao nacionalismo e ao patriotismo.

Como já deu para perceber, ao longo de minhas 94 postagens, nesses 13 meses de blog, dificilmente adotei essa forma de escrita. Mas, como sempre digo àqueles que se comunicam comigo sobre este blog, escrevo segundo a inspiração do momento. Como essa foi a minha inspiração nesta semana, peço desculpas pelo possível "deslize editorial" e acho que na próxima semana voltarei à minha velha forma de escrita. Mas acho interessante, principalmente nesse nosso mundo dos "fast-foods" que, de vez em quando, paremos e façamos algumas reflexões sobre temas que marcam o nosso cotidiano.
Boa noite e bom fim de semana a todos!

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