segunda-feira, 16 de março de 2009

Postagem atrasada, porém ainda atual

Estou aqui de novo para relatar um problema recorrente em Garanhuns, que encontrei no final do ano passado por lá e ontem, quando fui novamente à minha belíssima terra natal.
Na verdade, desde que me entendo de gente esse problema existe por lá, e sempre surgem promessas de melhoria sem que, no entanto, nada mude: é o problema da falta d'água.
No final do ano passado, quando estive lá no Natal, a COMPESA, empresa estatal de água e saneamento pernambucana, fazia um racionamento completamente impraticável para a grande maioria da população. O normal, para o verão, é que haja 1 dia com água nas casas para cada 6 dias sem água. Mas se isso já é ruim, o que encontrei lá foi ainda pior.
Na casa de meu irmão, onde o racionamento sempre fora respeitado, passou-se mais de 10 dias para que chegasse água, e nem os 3000 litros de água armazenados foram suficientes para aguentar a falta do bem mais precioso da humanidade. Agora, essa era uma das melhores situações na cidade. O pior ainda estava por vir.
Em alguns bairros, como Indiano e Boa Vista, o que era para ser um racionamento de 10 dias virou para quase 30, quando não ultrapassou isso, em alguns locais mais altos. O que é um verdadeiro absurdo, dado que a barragem de Inhumas, que é responsável por mais de 80% do abastecimento da cidade, encontra-se dentro da sua capacidade normal para a época do ano.
O problema então não é a falta d'água em si, mas sim a falta de uma política pública séria, de procedência do governo de Pernambuco, para que o problema seja solucionado.
A maioria da população não tem como guardar a água que chega tão rarefeita às suas casas, porque a água só é liberada pela COMPESA geralmente após as 10 da noite, chegando somente durante a madrugada nos locais mais elevados da cidade. Além disso, sem o menor aviso, a empresa realiza manutenção da tubulação justamente nos dias em que a água deveria chegar aos lares daqueles que mais precisam dela. E o resultado é um só: sempre que isso acontece, os donos de caminhões pipa faturam alto com a crise de água alheia.
E isso traz um agravante para a real situação do racionamento: o fato de que corre, pela cidade, a notícia de que um dos funcionários de maior escalão da filial da empresa em Garanhuns estaria manipulando a planilha de racionamento porque, simplesmente, ele seria dono de uma frota de caminhões pipa, contratados exclusivamente pela COMPESA para fazer a distribuição de água aos bairros mais afetados. Bem típico do nosso país.
Essa foi a situação encontrada por mim e por quem mais foi a Garanhuns para as festas de fim de ano. Depois, em janeiro deste ano, o que já parecia pior, piorou mais ainda.
A completa desorganização da COMPESA não permitiu que a empresa fizesse a correta manutenção nas tubulações das adutoras, responsáveis por levar a água das barragens para as estações de tratamento. E o resultado foi um só: a ruptura da tubulação de uma das principais adutoras fez com que o abastecimento de água da cidade fosse quase que inteiramente interrompido. A COMPESA imediatamente afirmou, em telejornal local, que a ruptura era um problema básico e que dentro de 3 dias, no máximo, o conserto estaria concluído. Coitados dos garanhuenses, tiveram que esperar 12 dias para poder voltar a ter água nas torneiras das suas casas. E a gerente regional da COMPESA em Garanhuns, como sempre, repetindo o que todos os outros antes dela sempre fizeram, repetia a mesma ladainha nos telejornais: "Estamos fazendo o possível para que a população tenha água nas torneiras logo. E quanto ao racionamento de 3 dias praticado em toda a cidade, este será mantido assim que a situação for normalizada".
Por esse discurso pasteurizado se percebe o "compromisso" que a COMPESA tem com a população de Garanhuns.
Mas ninguém se iluda: esse não é um problema exclusivo da Suíça Pernambucana. É um problema que se repete em todo o Estado, inclusive na capital, Recife.
E como os amigos alagoanos devem ter percebido, a proporção de porcarias feitas pela COMPESA nos consertos de seus próprios malfeitos não é muito diferente do que a CASAL realiza suas obras em Maceió e no interior, não é verdade? Que o diga o cidadão que teve seu carro sugado por um buraco gigante que se abriu no meio da rua após um conserto na tubulação da CASAL numa rua do bairro da Ponta Verde, ou os cidadãos do Jacintinho, que têm de consumir água que chega às torneiras com enorme quantidade de ferrugem.
Bom, e ontem como estava o racionamento: um pouco melhor.
Mais ou menos 1 dia com água (uma madrugada, diga-se) para cada 8 dias sem água. Isso, na melhor das hipóteses.
E já ia me esquecendo de mencionar o principal. A COMPESA não mandava água para determinados locais da cidade por mais de 30 dias, mas os hidrômetros não paravam de girar. O motivo, é bem simples: o vento que passava pela tubulação girava o medidor, que contava como se a água estivesse passando. E nisso, haja gente recebendo em casa contas módicas de 90, 100 reais pela água que sequer chegou às torneiras.
Isto serve para mostrar que nem só de belezas naturais e arquitetônicas, endeusadas pela indústria do turismo, vive o Brasil. Ainda há muitos problemas básicos a ser resolvidos.
E com Garanhuns não é diferente.

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