terça-feira, 22 de setembro de 2009

Por um milhão de árvores na nossa cidade

Bom, antes de começar este post, cabe um esclarecimento. Diferente do prometido na última postagem, preferirei falar sobre as olimpíadas de 2016 depois da decisão do COI em indicar a cidade sede, para evitar qualquer antecipação aqui do que venha a ser uma crítica ou sugestão à candidatura do Rio de Janeiro. Até porque os Estados Unidos já trataram de fazer a sua "antecipação" colocando num seriado desses aí um episódio em que "criminosos brasileiros" buscavam sabotar a candidatura de Chicago, outra concorrente do Rio nessa disputa. O que, aqui entre nós, é típico das produções hollywoodianas: sempre que os Estados Unidos se envolvem em alguma disputa, até de "chimbre" (ou bolinha de gude, para o resto do país), eles têm que criar alguma fantasia cinematográfica tachando seus oponentes de "criminosos" ou "terroristas". Bem típico do "american way of life".

Bom, mas outra coisa que até eu mesmo estava sentindo falta nesse blog era de alguma postagem sobre Maceió. O motivo para essa ausência era um só: a falta de uma boa notícia pra colocar aqui. Depois de tantas pataquadas cometidas pelos políticos alagoanos, estava esperando por uma boa notícia, até que, umas duas semanas atrás, quando passava pela avenida Fernandes Lima, reparei num "relógio diferente" que colocaram próximo ao Shopping Farol. Lá, na parte de baixo, contém os dizeres: "por um milhão de árvores em nossa cidade". E foi esse slogan, junto ao dia 21, ontem, que marcou o dia da árvore, que me motivou a escrever este post.

A cidade de Maceió já foi citada, por muitas pesquisas feitas nos últimos anos, como a capital menos arborizada do Brasil. E isso é fácil de notar, pela ausência de árvores em muitos locais da cidade e as poucas que existem, têm sido cortadas pela população, que muitas vezes não tem paciência para cuidar das plantas, ou não tem tempo livre para tanto, ou mesmo por outros motivos que vão inclusive à implicância com os vizinhos, achando que "a sombra da árvore pertence ao proprietário dela" e não a todos nós.
A prefeitura tem tentado mudar um pouco esse quadro, e a campanha foi instituída em 2007 com a ambiciosa meta de que até 2012 estejam plantadas 1 milhão de árvores no território da cidade de Maceió. Até agora, segundo a contagem inicial, existem mais de 170 mil árvores na cidade. Porém ainda faltam perto de 820 mil árvores a ser plantadas na cidade, o que daria uma média aproximada de 693 árvores a ser plantadas até 31 de dezembro de 2012, contando-se a partir de hoje, 22 de setembro de 2009.
Bom, se a prefeitura quiser uma ajuda, eu tenho aqui em casa duas mudas de ipê amarelo, que ganhei de brinde quando comprei uns livros pela internet. Mas não tenho como plantá-las sozinho, porque na frente da minha casa já existe uma pé de acácia plantado e como os ipês são árvores grandes, precisariam de bastante espaço para crescer e florescer. Se alguém tiver alguma sugestão de onde posso plantar ou enviar as mudas aqui em Maceió, por favor, pode escrever aí nos comentários.
Apesar dessa meta ser ambiciosa até para os padrões de uma cidade grande como Maceió, somente a iniciativa de estabelecer uma meta já é louvável numa cidade bastante despreparada, em termos de meio ambiente, pela falta de planejamento urbano, fato que assola Maceió desde que ela se emancipou, ainda no século XIX.
Na capital de Alagoas, só há um parque ambiental, próximo ao bairro de Bebedouro e muito pouco conhecido pela população. Eu mesmo só tomei conhecimento da existência desse parque alguns meses atrás, graças a uma reportagem do AL TV, da Tv Gazeta. Em outras cidades (e aqui tomo como parâmetro Garanhuns, onde nasci) a realidade é bem diferente. Em Garanhuns, são dois parques na zona urbana da cidade, o Pau-Pombo e o parque Euclides Dourado. O primeiro com várias árvores nativas da região e o segundo é conhecido como "o parque dos eucaliptos". Uma não, na verdade, duas maravilhas que a cidade pernambucana oferece e que falta numa capital como Maceió.
As poucas árvores que restaram nos canteiros das avenidas vêm sendo cortadas pela prefeitura, porque a falta de tratamento delas acabou transformando-as em verdadeiro perigo para os motoristas que trafegam por essas avenidas. Nos últimos 2 invernos, ocorreram pelo menos 5 casos de árvores que caíram em cima de carros nas imediações das avenidas Fernandes Lima, Durval de Góes Monteiro e na BR-316, na parte duplicada entre a UFAL e o Aeroporto.
Porém, vale aqui salientar que a prefeitura pelo menos tem feito a sua parte, replantando onde foi necessário cortar as árvores. Isso já é um passo positivo para o alcance da meta não de um milhão de árvores, mas de uma cidade mais arborizada, mais bonita e que ofereça uma melhor qualidade de vida para a sua população e para aqueles que a visitem. Isso sim é que é pensar no turismo como saída para Maceió e não ficar maquiando a orla com calçadões em duas cores, quando o mar avança de forma deprimente sobre os coqueiros centenários que embelezam as praias de Jatiúca a Pajuçara (isso só para citar as praias mais "badaladas" de Maceió).
O mar só avança porque também não houve planejamento nas construções dos prédios nem no aterramento das partes mais baixas da cidade, o que hoje provoca a fúria (silenciosa ainda) mas cada vez mais visível do mar, que procura hoje apenas o território que lhe foi retirado após décadas de exploração sem medidas das suas áreas mais próximas.
Então, o que tenho a dizer em conclusão a isso tudo é o seguinte: o que escrevi, linhas acima, sobre as mudas de ipê amarelo não foi brincadeira. A meta que a prefeitura propõe é interessante, mas não basta. Se nós, os moradores de Maceió, não criarmos consciência de nossas próprias possibilidades, não poderemos nunca fazer dessa cidade um lugar melhor para viver. E para tomar consciência disso, nada melhor do que começar pensando duas vezes em cortar o pé de árvore que tem na frente da sua casa só porque as pessoas buscam refúgio sob a sua sombra para fugir do calor de mais de 30 graus que já começou por aqui. Ou mesmo pensando em plantar (por que não?) uma pequena muda que, daqui a alguns anos, trará sombra e até quem sabe alguns passarinhos que possam mudar um pouco os sons de nossa cidade, que hoje se resumem ao barulho de buzinas, carros de som e gritos de "sai satanás" que se ouvem por todos os lados da cidade.
É uma questão a ser pensada por todos, pois a responsabilidade pela natureza é de cada um de nós, e não somente da secretaria de meio ambiente, do IBAMA, do Cícero Almeida ou de qualquer outro que assuma a prefeitura depois dele. Esse problema é nosso.
Bom dia a todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário