quinta-feira, 12 de novembro de 2009

E a novela da Claro continuou na semana passada

Depois de postar aqui o relatório mais recente do IDEC sobre a situação do oferecimento dos serviços de internet "banda larga" prestados pelas principais operadoras do país, Oi, Vivo, Claro e Tim, agora relatarei a minha mais nova experiência com a Claro, que acabei passando na sexta-feira passada.
O meu contrato de internet foi encerrado no dia 1 de outubro passado. Então, já no dia 30 de setembro fui à loja da empresa para me informar e me certificar dos procedimentos para renovação e/ou manutenção do serviço. Lá, fui informado que não haveria nada de mais em continuar utilizando os serviços sem necessidade de renovação do contrato, pois, nas condições impostas pela empresa, sairia pior para mim a renovação, já que até então pagava R$ 100,00 mensais e a renovação sofreria reajuste para R$ 119,00 mensais.
Até aí, tudo bem. O detalhe foi que o atendente me informara que eu deveria tomar cuidado com a taxa de downloads, já que pelas novas regras (que nós nunca tomamos conhecimento delas), a partir de 10Gb de downloads mensais, a Claro mandaria um telegrama para a residência do cliente notificando a mudança do plano.
Pois bem, dito isto, voltei para casa e reiniciei o contador do programa de acesso à internet para evitar o excedente que o atendente me alertou. Mas não adiantou de nada. Como num cassino, onde as regras do jogo estão sempre mudando e sempre em favor da banca, mais uma vez houve outra mudança de regras, e eis que recebi o malfadado telegrama no último dia 06.
Nem estava em casa quando o telegrama chegou. Se não a raiva teria vindo mais cedo. Quando cheguei em casa para almoçar, me entregaram o telegrama, que já sabia que não seria boa coisa. Pois muito bem, o telegrama explicava que "conforme amplamente divulgado em reportagem do jornal Folha de São Paulo", os planos da Claro foram modificados e que, a partir daquele dia (06), o meu plano sofreria reajuste de R$ 100,00 mensais para R$ 336,00 mensais, com o pagamento de excedente no valor de R$ 12,82 por megabyte. Somente 236% de aumento, mais pagamento de "míseros" R$ 12,82 por MB! Um verdadeiro assalto à mão "desarmada", totalmente alheio a qualquer previsão legal relativa às relações de consumo no país. Nem a taxa anual de cheque especial supera esse reajuste proposto pela mudança de plano "amplamente divulgada pela Folha de São Paulo".
Em primeiro lugar, a divulgação deve ser feita em um veículo de comunicação de alcance nacional (e é obrigatório que seja feito em variadas formas, para assim garantir a verdadeira publicidade da informação). Além disso, os valores de reajuste exorbitantes, que são um "claro" desrespeito às leis consumeiristas brasileiras. E tudo isso é feito pela Claro e pelas demais empresas sob as bênçãos da Anatel, que, como agência reguladora, serve muito mais hoje aos interesses das empresas do que aos usuários do serviço, num claro sinal de subserviência àqueles que dão o suporte político aos que estão no comando da agência e de desrespeito àqueles que pagam caro por um serviço de péssima qualidade.
Como se não bastasse o telegrama, ainda o pior veio pelo atendimento pelo telefone, o 1052. No telegrama, a informação seria a de que, em caso de insatisfação com a mudança do plano, o cliente devesse entrar em contato via telefone ou por meio de uma das lojas da empresa. O meio mais rápido de contato, nesse caso, seria por telefone. Seria. Primeiro, pela demora no atendimento, disfarçada agora pela clássica conduta do atendente que recebe a ligação em menos de 30 segundos, mas que, ao atender o cliente, pede para que você aguarde até que a ligação seja repassada e, assim, você esperará pelos mesmos 30, 40 ou mais minutos de sempre.
Passada a espera, uma senhora atende e eu conto-lhe todo o ocorrido. E a resposta foi em tom bastante desrespeitoso e ameaçador. Primeiro, ela me passou a informação de que recebi o telegrama por ter ultrapassado a franquia de 10 Gb de downloads no período de 3 meses. Então lembrei a ela da franquia do meu plano, que era de 3 Gb mensais, sem limite de 10 Gb, e que, na última vez que fui à loja da Claro, o atendente me informou que a franquia só seria ultrapassada se houvesse excedente acima de 10 Gb mensais, ou seja, que a regra do jogo ainda não havia mudado. Contudo, sem nem me dar ouvidos, a atendente afirmou que eu era um cliente que não estava adequado às políticas da empresa e que estava prejudicando os demais usuários da internet, o que, por esse motivo, me tornava um cliente "desinteressante" para a empresa. E mais, ou eu deveria pagar os R$ 336,00 mensais ou simplesmente deveria deixar a Claro e procurar outra empresa.
Como paguei caro pelo modem e já havia pesquisado as demais operadoras, e percebi que são todas "farinha do mesmo saco", tinha interesse em permanecer na Claro, apesar dessa relação "amistosa" e "afetuosa" que os atendentes deixam transparecer comigo pelas ligações mais recentes que fiz para o 1052. Por isso (e só por isso), ainda tentei negociar com a atendente a migração para um plano de transferência de dados inferior ou para alguma alternativa à minha situação, o que a atendente respondeu com um estressado "não", acompanhado de um "vá até a loja da Claro e resolva o seu problema, ou se não quiser, cancele o contrato!".
Obedecendo ao pedido "afetuoso" da telefonista, fui até a loja da Claro, onde o balconista me deixou a par de toda a situação. O problema estava todo relacionado a mais uma mudança de regras, pois, segundo ele, na semana anterior as regras do sistema haviam sido modificadas para a restrição de franquias de downloads às taxas de 10Gb a cada 3 meses, o que dá aproximadamente 3 Gb mensais de downloads. Na prática, assim como a Vivo já faz abertamente, a Claro está impedindo os seus usuários de baixarem arquivos maiores, como filmes, por exemplo, que necessitam de mais de 4Gb para download.
Mas, o motivo principal do telegrama não foi nem esse. Foi sim o de me forçar a ir para a Claro para me adequar a um dos planos novos, justamente para que eu aceitasse as novas "regras do jogo". Por falta de opções onde moro, pois aqui no bairro onde moro ou você escolhe a internet discada ou paga muito caro para ter uma via rádio (que pouco difere da 3G), ou então opta pela 3G (a que tenho).
Sendo assim, refiz o plano, por mais 12 meses, diminuí o plano de 1Mbps para 600Kbps ( o que na verdade somente modificou a velocidade da virtual para a real, pois hoje a minha internet de 600 está mais rápida do que a de 1000) e pagarei menos pelo plano: dos R$ 100,00 mensais, pagarei cerca de R$ 72,00, o valor do plano promocional ao qual me filiei.
Agora, será que me livrei dos problemas assinando este novo contrato: tenho certeza que não. Ainda tenho que esperar pela próxima conta, para ver se não virá o valor proporcional ao "roubo" dos R$ 336,00, ou se ainda virá algum excedente pelo uso da internet no dia 6, antes de ter ido renovar o contrato na loja da empresa referida.
Agora, é esperar para ver o que acontece.
Espero, a partir de agora, ter ao menos um pouco de paz. Isso, se minha "franquia" não exceder aos tais 10Gb a cada 3 meses, ou menos do que isso, caso as "regras do jogo" mudem de novo daqui para lá. E onde é que fica o direito do consumidor nisso tudo? Nesse caso, apenas guardado no frio texto da lei. Não sei se compensará ir à justiça, pois não tenho provas suficientes para enquadrar a empresa em nenhuma conduta ilícita, já que a Anatel abençoa todos os seus desmandos, além de que os protocolos de atendimento no dia em que liguei para a Claro se repetiram, o que, de propósito ou não, impossibilitam o confronto do que relatei aqui com a gravação do atendimento. E mesmo que houvessem protocolos distintos, somente ocorreria o que já aconteceu muitas vezes antes: a Claro afirma que não tem como identificar a gravação (pois, segundo eles, são "milhares" de ligações ao mesmo tempo, o que impossibilita o armazenamento de dados) e depois apenas envia uma carta ao usuário em que manda por escrito o que todo mundo já sabe: que não entregará as gravações, um direito garantido ao consumidor por lei.
Eu sei que isso deve ocorrer também com outros usuários de outras operadoras, como também sei que, em relação ao serviço de telefonia celular a situação chega a beirar o ridículo, de tanto que o consumidor é desrespeitado com planos enganosos, com falhas constantes de sinal, bem como com cobranças indevidas de taxas e de valores para cadastramento em promoções que nada mais são do que cobrança extorsiva de tarifas fora dos planos disfarçada de vantagens e bônus.
Mas não deixarei de relatar o que acontece comigo em relação aos serviços oferecidos pela operadora de internet, pois essa é a melhor maneira de informar àqueles que ainda não têm esse serviço de que a banda larga no Brasil é uma mera ilusão, e de que pagamos a internet mais cara do mundo para que não possamos ter acesso nem sequer ao You Tube (sim, a internet veloz do Brasil, limitada pelas "franquias" das operadoras, impossibilita até a visualização de vídeos do You Tube).
Ah, e ainda tem mais. Como a Claro sempre se compromete a garantir apenas 10% do valor contratado, na prática a minha mudança de plano me trouxe de volta à era da internet discada: quando a Claro bem quiser e entender, ela poderá limitar a minha velocidade de conexão a 60Kbps, o que é igual à velocidade de qualquer discador de internet via telefone fixo. Que maravilha essa banda larga, não?
Então, caro amigo que ainda não optou por esse serviço, pense muito bem antes de contratar os serviços dessa ou de qualquer outra operadora do mercado, pois se a Claro apronta dessa forma, a Vivo, por outro lado, não informa sequer a velocidade de conexão e ainda cobra excedente após o extrapolamento da franquia. Já Oi e Tim praticam as mesmas atitudes, travestidas de promessas de "franquias ilimitadas". Na verdade, ilimitada é a falta de respeito às leis e à população. E ainda vêm falar em "popularização da banda larga". Não me façam rir!
A banda larga, com raríssimas exceções, ainda nem chegou ao Brasil. Essa é a verdade.
Espero ter informado a todos ao menos a situação que a Claro impõe aos seus clientes, abrindo espaço aqui para que outras pessoas que sofram problemas dessa mesma natureza com esta ou com outras operadoras possam relatar e informar aos demais sobre os perigos que existem em contratar os serviços de internet "banda larga" à disposição hoje no país.
Boa noite a todos!

Um comentário:

  1. É CLAUDEMIR TAMBEM SOU USUÁRIA DA INTERNET DA CLARO E SOFRO COM O PESSIM SERVIÇO QUE ELES OFERECEM.
    UM ABRAÇO

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