Destas notícias pode-se extrair dois fatos já consumados: é questão de tempo para que haja um novo aumento na tarifa de ônibus da capital alagoana, porém este, segundo a própria prefeitura e os vereadores que se manifestaram durante a semana, está condicionado ao processo de licitação dos ônibus, que agora deve ser finalmente encaminhado. Mas, a questão é a seguinte: será que há necessidade de imposição de um índice de reajuste tão alto, quando a inflação tem girado em torno de 7% ao ano e os índices de aumento do salário mínimo também se aproximam disso? As empresas de ônibus se defendem sempre alegando que o valor atual é defasado e que, durante este período de pouco mais de um ano de vigência da tarifa de R$ 2,10 já houve reajustes acima da média em relação ao combustível, peças e pneus adquiridos pelas empresas.
Quanto a isso, não há dúvidas, há sempre a necessidade de atualização dos valores das tarifas do transporte público mas, como a própria denominação já indica, este tipo de transporte tem uma finalidade específica e um objeto determinado, qual seja, o atendimento à população como um todo. Então, há sempre a necessidade de que tais propostas de reajuste sejam devidamente analisadas e levem em consideração também as condições de oferecimento do serviço, bem como a sua abrangência em relação à população, já que, no caso específico de Maceió, a utilização deste meio de transporte pela população é reduzido em virtude, justamente, dos altos valores cobrados, já que quase a metade da população da cidade não tem condições de arcar com a despesa mensal do transporte coletivo. Além do mais, o sistema de integração temporal tem que ser estendido a várias empresas e vários bairros, não sendo feito apenas em um local específico e direcionado apenas aos usuários dos cartões de passagem (ou então deveria-se estender o sistema eletrônico de passagens de ônibus a todos os usuários).
Caso estas e outras ideias estejam contidas no edital de licitação, Maceió dará um passo importante para realmente melhorar as condições de prestação do serviço de transporte coletivo à sua população. Mas, nem por isso, será justificável um reajuste em um índice tão elevado a uma população que hoje sofre com as constantes quebras dos ônibus, atrasos nos horários de chegada e saída e falta de qualidade na prestação do serviço referido, principalmente quanto às condições de conservação dos coletivos e à qualidade do atendimento aos usuários.
A prefeitura e o legislativo municipal, durante a semana, têm sido categóricos: o aumento só será discutido após a licitação. Resta agora saber se a licitação dessa vez não passará somente de mais uma promessa e se realmente os vereadores e a prefeitura conseguirão conter o ímpeto dos empresários do setor de proceder a tal reajuste que, a princípio, parece ser extremamente abusivo e poderá aumentar ainda mais o abismo existente entre a população mais pobre, principal usuária do serviço e as empresas que deveriam prestar um serviço de qualidade a valores acessíveis a todos.
Vamos aguardar os resultados que estas notícias trarão em breve para a população de Maceió.
Boa tarde a todos.
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